O que é o que é:
É dia, mas o sol não está visível no céu?
Pode ter frutos ou flores, dependendo de onde você mora?
É maior que a lua e menor que o sol, está no céu de noite e não é uma estrela?
Descobriram? Bem, a dica é que a resposta das três perguntas são fenômenos astronômicos. E o mais impressionantes é que estes três ‘‘eventos’’ aconteceram no mesmo dia!
Numa coincidência raríssima, no dia 20 de março deste ano, esses três eventos astronômicos aconteceram! Agora, vamos desvendar a brincadeira:
Primeiramente, rigorosamente falando, existem duas formas de se estar “de dia” e não podermos ver o sol no céu. Uma delas é um fenômeno bastante comum, que ocorre a cada seis meses nos polos da Terra. Nessas regiões, só podemos ver duas estações do ano, que duram seis meses cada: o verão e o inverno. Durante o inverno em cada um dos polos, o sol não fica visível, pois está abaixo da linha o horizonte. Assim, durante todo o inverno, mesmo que o relógio marque “seis horas da manhã” o “dia” permanece escuro. O contrário também é válido: durante os seis meses de verão o sol nunca se põe, então mesmo durante a “noite”, ele está lá no céu, iluminando tudo! É o que chamamos de “sol da Meia-Noite”.
Mas o fenômeno que ocorreu na manhã do dia 20 de Março é muito mais raro do que a ocorrência sazonal do sol da Meia-Noite: foi um eclipse solar! Um eclipse ocorre quando um astro passa pela linha de visada (a linha imaginária de visão entre o observador e o objeto) que conecta o observador com um outro astro e o obscurece total (eclipse total) ou parcialmente (eclipse parcial). No caso de um eclipse solar, a lua está posicionada exatamente entre a Terra e o sol, na linha de visada de um determinado observador, encobrindo a nossa estrela. Assim, mesmo estando de “dia”, o sol não está visível no céu. Em seu lugar, aparece um círculo preto – a sombra da lua na superfície terrestre. Um eclipse solar pode durar até algumas horas e não é visível em todas as partes do globo: neste, apenas os observadores de uma faixa do Hemisfério Norte entre o Reino Unido e a Groenlândia puderam observar o fenômeno. O próximo eclipse solar que poderemos observar aqui no Hemisfério Sul ocorrerá apenas em Julho de 2019, e só será visível em uma estreita região do Chile.
A segunda pergunta feita se refere a um outro evento, também comum e sazonal: o equinócio de outono! Os equinócios são dias em que a duração da parte clara do dia – que chamamos efetivamente de “dia” – e a parte escura – que chamamos de “noite” – é igual. São os equinócios que dão início à primavera e ao outono.
E, por último, a terceira pergunta se refere ao fenômeno da “Superlua”. A lua orbita a Terra em uma trajetória elíptica. Assim, ela tem pontos na órbita em que fica mais próxima e mais afastada do nosso planeta. Quando a lua está no chamado “perigeu” – o ponto de maior aproximação – nós podemos ver um pequeno aumento no seu tamanho e brilho (ATENÇÃO: Pequeno mesmo! A diferença do tamanho observável da lua entre o perigeu e o apogeu – ponto mais distante da órbita é de aproximadamente 14%). Superluas podem acontecer em qualquer fase lunar. Esta, por exemplo, foi na lua Nova, o que tornou o evento pouco visível. As mais visíveis, obviamente, ocorrem na fase cheia.
Ufa! 2015 já chegou mostrando para o que veio! Três eventos de uma cajadada só! Infelizmente, a maior parte deles não pôde ser acompanhada daqui… Mas nós podemos dar um jeito nisso! Não quer esperar até 2019 para ver um eclipse solar completo? Venha visitar o planetário que eu mostro!
Podem aguardar, pois muitos outros eventos vem por aí!
Carolina Assis, astrônoma do Museu Ciência e Vida.
Para aprender mais sobre astronomia, o Museu Ciência e Vida oferece Sessões de Planetário. Para agendamento escolar, ligue para 2671-7797. Temos sessões abertas ao público também aos sábados e domingo, às 14h e 15h.
ATENÇÃO: Ambiente a 18ºC, por favor trazer casaco.